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Eu nasci no dia 09 de agosto de 1968, em plena Ditadura Militar, com muita restrição de direitos, época em que o mundo passava por várias revoluções.

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Eu nasci na cidade do Rio de Janeiro, mas a história da minha família é mais antiga, vou relatar um pouco do que vivi e também o que ouvi dos meus pais e meus avós.

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O encontro da minha mãe com meu pai aconteceu em Minas Gerais na cidade de Caratinga onde os dois moravam.

A vida nunca foi muito fácil para a minha família, assim como também não é para muita gente. Minha mãe conta que meu avô plantava milho em algumas pequenas quantidades de terras, mas ocorriam alguns imprevistos, às vezes chovia demais, às vezes fazia sol demais. Era difícil sustentar uma família grande com poucos recursos, meus avós tiveram onze filhos.

Depois de passar por algumas dificuldades, a família da minha mãe se mudou para o Paraná, isso aconteceu por volta dos anos 50 e 60, para tentar melhorar de vida, já que viver da roça não era muito fácil em Minas Gerais.

Essa viagem foi feita por mais de uma família na carroceria de um caminhão e durou alguns dias, nada do conforto dos ônibus de hoje em dia.

No Paraná, o clima era bem frio, minha mãe contou que eles chegaram à noite e foram dormir, quando amanheceu, os meus tios, que eram bem pequenos naquela época, saíram correndo descalços pelo quintal, logo em seguida voltaram chorando com os pés queimados pelo frio. Um detalhe interessante é que usar calçados era privilégio de poucos, e depois deste ocorrido alguém foi providenciar uns chinelos de dedo para os meninos.

Minha mãe não tinha muitas lembranças para contar do Paraná, só que era um lugar muito frio e de uma terra vermelha.

Como a experiência do Paraná não deu muito certo, eles foram parar em São Paulo, por ser uma cidade grande e com possibilidade de melhorar as condições de vida.

 

A família do meu pai tem uma história parecida com a da minha mãe. Eles também saíram de Minas Gerais para tentar uma vida melhor na cidade grande, só que nesse caso, meu pai viajou primeiro para a cidade do Rio de Janeiro para tentar a sorte, ganhar um pouco mais de dinheiro e pagar as dívidas da família, que ficou inicialmente em Minas.

Depois de um certo tempo, o meu avô teve um problema de saúde e o médico recomendou que ele fosse morar perto do mar para viver um pouco mais, o que motivou a mudança para a cidade do Rio de Janeiro, onde o meu pai já estava morando, em uma favela chamada Morro dos Prazeres próxima ao bairro de Santa Tereza e da famosa estátua do Cristo Redentor.

Como meu pai já namorava minha mãe antes dessas mudanças acontecerem, eles se casaram e foram morar na mesma favela que os meus avós. Foi assim que começou a minha história.

 

Hoje em dia, quando penso sobre isso, eu lembro de muita gente falando que a vida no campo é mais saudável, o ar é mais puro e a rotina é mais tranquila. A vida pode até ser mais tranquila, mas a dificuldade das famílias mais pobres parece ser tão grande que as pessoas são obrigadas a migrar para as áreas urbanas. Hoje eu sei, na vida real, o que eu ouvia nas aulas chatas de história, quando se falava da evasão das áreas rurais para a cidade grande.

 

Minha Infância no Rio de Janeiro

 

Como já mencionei anteriormente, eu vivi minha primeira infância no “Morro dos Prazeres”, um lugar com uma linda vista da “cidade maravilhosa”, dali eu saí mais ou menos com uns quatro ou cinco anos de idade, e fui para a baixada fluminense, morar na cidade de São João de Meriti-RJ.

Meu pai resolveu sair do morro porque lá não parecia ser um bom lugar para criar uma família, talvez devido à marginalidade que já existia naquela época. Eu não me lembro muito bem dessa época da favela, mas sei que a vida também não era fácil. No lugar de ruas haviam vielas e escadarias; o esgoto descia a céu aberto e a água era trazida pela escada em baldes. Meu pai trabalhava até nos finais de semana para sustentar a casa. Não sei como seria minha vida se tivesse crescido no morro, existiam muitas más influências.

 

São João de Meriti

 

Foi por volta dos meus seis anos de idade que comecei a perceber que seria um bom desenhista, talvez um artista, porque desenhava tudo que via nas ruas e aparentemente, as pessoas gostavam dos meus desenhos. Modéstia à parte, até hoje, quando me proponho a fazer algum tipo de desenho, normalmente agrado aos olhos de quem vê, mas nunca me dediquei muito a essa atividade. Acho que porque sempre me deixei levar pela opinião dos outros.

Mal sabia eu nessa época da minha infância, que essa minha veia artística não seria levada adiante. Foi em São João de Meriti, em minha tenra idade, que comecei a perceber a maldade do ser humano.

Eu vivia bem protegido no quintal de minha casa, mas em um dia, uns moleques na rua, chamaram minha atenção para eu sair dali e neste momento fora de casa, eu tomei uns cascudos, apanhei e ouvi uns palavrões.

Eu também era um pouco travesso, pois consegui a minha primeira cicatriz do lado da minha sobrancelha direita caindo de um muro tentando pegar amora.

Também me lembro de correr da minha mãe com uma varinha na mão, do mesmo pé de amora que causou minha primeira cicatriz.

Algumas lembranças parecem bem reais, mas depois de um certo tempo, eu não sei se são só fruto da minha imaginação. Uma dessas foi um atropelamento que o meu pai sofreu, perto da nossa casa. Pelo que me lembro, ele estava capinando no lado de fora do terreno e uma pessoa perdeu o controle de uma carro próximo a ele. Por sorte não teve ferimentos muito graves.


 

São José dos Campos

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Aos meus sete anos de idade mudamos para São José dos Campos-SP, porque meu pai foi transferido no trabalho. Eu já morei em três bairros diferentes nesta cidade. Primeiramente morei no Vale do Sol quando estudei a 1ª série do ensino fundamental, não me lembro muito bem desta época, mas a escola era pública. Durante algum tempo nesta escola, eu ajudava a professora com a matéria, porque eu havia estudado dois meses com uma professora particular em São João de Meriti e absorvi a maior parte do conteúdo que era ensinado na escola regular.

A infância, assim como toda a nossa vida, é um constante aprendizado, mas isso não quer dizer que esse aprendizado seja fácil, geralmente isso envolve um mal-estar. Isso eu vi nessa escola, quando aconteceu um fato. Como já mencionei anteriormente, eu não era, e não sou, nenhum santo. Em um dia na saída da escola, eu fui fazer uma brincadeira com um garoto, e na minha cabeça, parecia ser uma boa ideia, acho que porque tinha visto outras crianças fazerem a mesma coisa. Eu só não percebi a presença da mãe dele a uma certa distância, esperando para se vingar do primeiro que fizesse mal ao seu querido filhinho. A mulher me agarrou pelo braço, me machucando um pouco e falando um monte de coisas, das quais não entendi praticamente nada. Eu comecei a chorar e não me lembro nem como cheguei em casa, porque ao contrário daquela senhora, minha mãe não me buscava na porta da escola e eu tinha que me virar sozinho. Minha educação sempre funcionou assim, pelo menos era como eu pensava na época, minha mãe uma vez me disse que não queria filho dela voltando pra casa reclamando ou chorando que teria apanhado na escola. Então, eu tinha duas escolhas, ou não apanhava nunca, ou me defendia como pudesse.

A escola para mim, não foi sempre ruim, mas em alguns momentos eu ficava bem apreensivo com os “coleguinhas”. Acho que sou uma pessoa meio reprimida por conta disso.

 

Foi na época dos meus sete ou oito anos que eu brinquei muito na rua, achava que seria um bom jogador de futebol, também consegui algumas cicatrizes brincando descalço no concreto duro.

 

Kanebo

 

Aos meus oito anos, minha família se mudou para outro bairro chamado Kanebo. Esse bairro tinha esse nome por causa de uma empresa com esse mesmo nome. Durante muito tempo eu não soube o que se fazia nesta empresa. Depois descobri que fabricavam fios, era uma tecelagem de fundadores japoneses. Fomos para lá para fugir do aluguel. Meu pai levantou uma casa de um único cômodo, de laje e sem telhado. Me lembro que quando chovia, pingava muito dentro da casa.

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Eu não confiava muito nas pessoas naquela época, e até hoje ainda não confio, mas às vezes me esqueço disso. Uma vez, em um dia de chuva, tanto minha mãe quanto o meu pai não estavam em casa. Eu e meu irmão chegamos da escola, molhados, não tinha como entrar em casa e nós não aceitávamos ir para a casa de uma vizinha, parente da minha mãe e que queria nos ajudar naquele momento. Ficamos tremendo de frio, mas não aceitamos a ajuda.

 

Nossa vida nesse bairro me parecia sofrida, mas boa. Nós tínhamos vizinhos que pareciam bem amistosos. Haviam duas meninas que moravam em frente à nossa casa, que brincavam comigo e com meus irmãos. Não me lembro muito bem dos nomes, mas me parece que eram Lilian, a mais nova, e Emília, a mais velha. Nós convivemos pouco com elas.

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O segundo contato com a maldade humana, de que me lembro, ocorreu nesta época. Meu pai comprou uma bicicleta velha e deu para mim. Eu aprendi a andar de bicicleta em uma muito grande para o meu tamanho, e sem rodinha de apoio. Eu aprendi sozinho e caindo muito. Eu só ficava nas proximidades da minha casa, mas com vontade de sair da minha “área segura”. Quando resolvi explorar outros territórios, dei de cara com uns moleques mal encarados que só deixavam eu passar se brigasse com um deles. Eu tomei umas porradas e bati um pouco, mas depois comecei a chorar feito mulherzinha e me deixaram em paz e cheio de hematomas. É claro que minha mãe nunca ficou sabendo disso pelos motivos que já mencionei anteriormente. Eu já mencionei que sempre vi pessoas estranhas como sendo maldosas? Acho que sim...

 

 

Escola Matarazzo

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Foi neste local em que comecei a estudar em uma escola pública estadual chamada Deputado Benedito Matarazzo. O meu irmão Claudecir não conseguiu vaga na mesma escola que eu, mas foi para uma outra, próxima a ela, e estranhamente essa escola dele me parecia mais ruim do que a minha. Acho que foi nesta época que eu comecei a pensar que a vida não parecia muito justa com este meu irmão, foi com ele inclusive, que passei aquele sufoco debaixo de chuva, que contei anteriormente.

 

Foi também na minha época da escola Matarazzo que conheci meu primeiro amor, uma menina linda de pele clara e cabelos pretos e lisos. É claro que ela nem tomava conhecimento da minha existência. Sempre fui um cara muito tímido. Ela andava sempre com um moleque que eu considerava muito feio para ela. Depois de um certo tempo, descobri que ele era irmão ou primo dela e por isso andavam sempre juntos. Mesmo assim nunca aconteceu nada entre nós. Foi também por volta dos meus dez anos que comecei a ter contato com o assunto sexo. Os hormônios começaram a conversar comigo, mas eu ainda não entendia muito bem o idioma. Os caras da minha época pareciam sempre saber muito mais do que eu sobre esses assuntos.

 

Acho que também foi nessa época que eu comecei a ter contato com o sobrenatural. Na minha escola, assim como em muitas outras, havia a lenda da loira do banheiro, uma assombração que aparecia para atormentar as ideias de todo mundo.

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Uma outra coisa que eu nunca gostei muito de fazer, era assistir jogo de futebol. Eu até gostava de jogar um pouco, mas nunca gostei muito de ficar assistindo, como a maioria dos homens gostam. Como eu quase não assistia a jogos, também não tinha um time favorito e para seguir uma tradição, e imitando o que quase todo mundo fazia, eu escolhi o time do Palmeiras, só porque era o mesmo para o qual um ou outro colega torcia.

 

Depois de uns dois ou três anos no bairro Kanebo, quando eu tinha uns dez ou onze anos, tivemos que nos mudar novamente e fomos para o bairro onde vivi mais tempo e no qual estou até hoje enquanto escrevo estas palavras, o Jardim Colonial. Mas antes de falar deste bairro e da minha vida nele, eu devo falar que durante uns dois ou três anos eu ainda frequentei a escola Matarazzo, andando de ônibus todos os dias e algumas vezes à pé também.

 

No meu tempo de ensino fundamental, eu tinha duas impressões principais em relação ao ensino; primeiramente, eu achava que os descendentes de japoneses eram mais inteligentes que os brasileiros porque as notas da maioria deles era sempre maior do que o resto da turma. Com o tempo eu percebia que isso não funcionava bem assim, também existiam brasileiros que eram bem inteligentes. Outra coisa que eu percebia era que a minha visão em relação à arte era muito diferente daquela das outras crianças.

Uma vez eu desenhei uma árvore começando pelo tronco, depois fazendo os galhos e por último as folhas, e o padrão das outras crianças era outro. Todo mundo fazia um desenho simples com um tronco e uma copa toda arredondada mas sem detalhe nenhum. Eu era ridicularizado por isso, porque eu fugia do padrão.

 

Muitas outras coisas aconteceram em minha época nessa escola. Eu tive de encarar valentões que simplesmente batiam em outras crianças só pelo fato de poderem bater, por serem maiores, mais fortes e mais covardes. Tive amigos que me protegiam também, principalmente desses valentões; o que me deu mais tranquilidade para estudar.

 

Jardim Colonial

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Quando nos mudamos para o Jardim Colonial, nós fomos morar em um barraco de madeira feito com restos de uma cerca que havia na casa do bairro Kanebo. Esse bairro era bem isolado na época e também tinha poucas casas. As ruas não tinham asfalto e as linhas de ônibus eram poucas. O começo foi bem difícil. Eu tinha medo do lugar porque era muito cercado por mato. Eu achava que animais ou bandidos poderiam invadir a nossa casa. Esse barraco na verdade era mais resistente à chuva do que a casa da qual tínhamos saído. Com o passar do tempo e com bastante dificuldade, meu pai foi construindo a casa na frente do terreno (o barraco ficava nos fundos). Demorou um pouco para termos água encanada e rede de esgoto.

 

Como mencionei anteriormente, a minha visão sobre a arte era um pouco diferente da maioria das crianças ao meu redor. Quando eu desenhava a minha casa nas aulas de educação artística, as outras crianças riam porque era realmente uma casa muito pobre. Eu senti na pele como é a discriminação de classes. Talvez seja por isso que até hoje eu ainda faça muita distinção de classes quando frequento lugares de classe alta.

 

Minha família viveu muito tempo no barraco enquanto a casa era construída em mutirão, com a ajuda o que levou vários anos. Tenho algumas lembranças de brincadeiras no esqueleto da construção, com os filhos dos vizinhos. Várias histórias aconteceram nesse período. Eu sofria muito com o meu irmão do meio, que aprontava muito comigo, nós brigávamos muito e chegamos até a arrancar sangue um do outro em uma dessas brigas.

Uma vez esse meu irmão quase morreu atropelado. Nós frequentávamos a igreja em outro bairro, tínhamos que ir de ônibus e atravessar a “Estrada Velha Rio São Paulo”, que já era bem movimentada nesta época. Esse meu irmão, uma vez, desceu do ônibus e saiu correndo para atravessar a pista. Estava vindo um caminhão, eu gritei o nome dele e parou no meio da pista. O caminhão parou quase em cima dele.

A vizinhança no Jardim Colonial, foi aumentando, os antigos caminhos e atalhos foram tomados por terrenos e casas, as linhas de ônibus sofreram constantes mudanças e o bairro foi se formando.

 

A Igreja

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Foi também nessa mesma época que eu comecei a frequentar a igreja e me tornar uma pessoa bem religiosa. Eu fui coroinha, catequista, e também participava ativamente de tudo na igreja. Lá eu conheci a doutrina católica e também fiz novos amigos dentro da igreja. Conheci muita gente boa, trabalhadora e atuante na comunidade. Conforme meu conhecimento em relação à religião ia aumentando, também iam surgindo empasses na minha cabeça. Da mesma forma que eu aprendia que deveria imitar a vida dos santos, a “tentação” estava sempre à espreita. Muitas vezes eu não entendia como uma pessoa podia parecer tão boa na frente das outras, mas quando ficava em um ambiente mais reservado, parecia se transformar, falando baixarias, muitas vezes, até de quem eles agradavam quando estavam em público. Eu fui percebendo como as pessoas podem ser falsas e ver isso como uma coisa normal.

Eu considero que quando era mais religioso, eu vivia quase em um mundo de fantasia em que quem é bom vai para o céu quando morre e quem é mau vai para o inferno. Infelizmente as coisas não são assim tão simples para mim hoje. Foi também nesta época que eu conheci um pouco melhor o tipo de trabalho que meu pai fazia. Eu descobri o quão dura era a vida dele para dar o sustento à família dele. Eu achava que, por não ter muito estudo, a pessoa tinha que trabalhar muito e em trabalho pesado, ganhando sempre pouco. Quando eu acompanhava meu pai em seus trabalhos nos finais de semana, eu via o quanto era pesado o trabalho dele.

Escola Lourdes Maria de Camargo e o SENAI

Quando eu terminei a sétima série do ginásio, eu entrei no SENAI para aprender uma profissão, eu iria ser mecânico geral. No início eu pensei que iria trabalhar com carros, mas não era isso. Eu comecei a estudar à noite na escola do bairro e no SENAI durante o dia. Eu aprendi mais no SENAI do que na escola tradicional, principalmente matemática. Nessa época o bairro estava meio perigoso devido à marginalidade e o tráfico de drogas. O clima na escola à noite era sempre tenso, os professores ficavam com medo de ir lá por causa dos bandidos e esses bandidos estavam tanto dentro quanto fora da escola.

As brincadeiras eram quase sempre agressivas; eu cheguei a levar cusparada nas costas subindo a escada, já fui ameaçado várias vezes e sempre tentei me livrar de problemas.

Estudar naquela escola não era fácil. Houve época em que alguns professores realmente faziam a diferença.

O ensino era fraco e os professores não ficavam muito tempo por medo. Nessa escola aconteceram muitas coisas que não me lembro mais e outras que eu preferia ter esquecido. Durante um tempo eu até saía da sala nos intervalos...

 

A minha época no SENAI foi um aprendizado em diversos sentidos. Em uma escola onde se passava o dia inteiro, a coisa não era muito fácil. Havia uma hierarquia de turmas e sempre tinha alguém para te sacanear e testar a sua paciência. Sem falar que muita gente não era de boa índole. Formavam-se gangues, brigas eram constantes e a convivência era difícil. Meu segundo irmão também estudou lá quase na mesma época que eu. Ele ficou bem traumatizado com a escola e com os outros alunos. Nós dois conseguimos concluir os nossos cursos, eu Mecânica Geral e ele Eletricidade e Eletrotécnica, mas ele ficou mais marcado pelo assédio moral do que eu. Eu sempre tentei me defender da maneira que podia, já teve ocasião até de tentar improvisar um “soco inglês” com a pulseira de relógio para me defender de um agressor da minha turma. Outra coisa que acontecia muito eram os xingamentos e as ofensas à família. Eu sempre detestei alguém me chamando de “filho da puta” por que isso não ofendia a mim e sim a minha mãe, hoje em dia eu já aprendi que xingamentos só atingem a gente quando permitimos isso e perdemos a calma. O importante é descobrir o que também afeta o agressor e revidar com isso. Foi o que eu fiz com um “colega” de turma, quando ele me xingou de “fdp” eu devolvi falando mal da irmã dele, que eu nem sabia que existia, ele ficou muito puto e veio pra cima, então eu encarei e falei “fala da família dos outros mas quando mexem com a sua você acha ruim”, pois pode ir aguentando se quiser continuar a me xingar, ele não me xingou nunca mais. Existem coisas que só a vida mesmo ensina.

Uma vez um conhecido do meu bairro não aguentou a pressão de um agressor e o esfaqueou quando estavam saindo da escola. Isso não era muito difícil de acontecer. Tem gente que não sabe mesmo a hora de parar.

 Eu gostava das aulas práticas do SENAI e aprendi muito sobre usinagem. Também vi algumas tragédias com pessoas que negligenciavam a segurança e perdiam membros do corpo ou a própria vida.

Foi também na época do SENAI que eu sofri a experiência de ser assaltado. Muitas vezes eu subia a famosa rua Rui Barbosa, sentido rodoviária, para economizar passagem, porque o dinheiro era sempre muito curto. Em uma dessas caminhadas, com a rua bem movimentada no finalzinho da tarde, dois assaltantes abordaram eu e um colega perto de um supermercado. O meu colega se desesperou por que foi agarrado por um dos assaltantes enquanto o outro apontava a arma para mim. Eu fiquei paralisado e o meu colega conseguiu sair correndo. Só conseguiram levar o meu relógio porque não tinha dinheiro em minha carteira. Fui até eu mesmo que pedi para os assaltantes olharem na carteira que só tinha documentos e passe de ônibus. Eles jogaram a carteira no chão e foram embora. Depois dessa ocorrência, eu deixei de falar com esse colega porque considerei que ele havia me abandonado, mas na verdade ele só ficou desesperado.


 

João Cursino

 

Em 1986, eu cansei da escola Lourdes Maria de Camargo e tentei transferência para a escola Vieira Macedo, no Jardim Satélite. Descobri que a situação de lá era tão ruim ou pior do que eu passava no Jardim Colonial. Por sorte, um colega conhecia o Diretor da escola João Cursino e conseguiu uma entrevista para mim. O Diretor ficou um pouco desconfiado porque já havia aceitado outras duas colegas que não conseguiram acompanhar o ritmo por lá, mas eu expliquei que comigo seria diferente até porque eu já estava no SENAI, acostumado a um ensino mais efetivo. Enfim, foi feita minha transferência para o João Cursino e consegui concluir o ensino médio em uma escola com um pouco mais de conteúdo. Eu só estudei lá durante o último ano do ensino médio, mas gostei da experiência. Eu sentava bem na frente de uma menina que parecia não ter o menor interesse em aprender nada. Toda prova era um sufoco para mim. Ela ficava me pedindo para mostrar a prova para ela colar, sem exceção, em todas as matérias. Foi nesta sala que eu presenciei algumas cenas interessantes. Havia uma professora de matemática que também dava aula no SENAI, e havia alguns alunos que se achavam muito espertos. Eles pesquisavam a matéria que deveria ser ensinada no terceiro ano e percebiam que a professora estava um pouco atrasada com os assuntos. O problema é que esses alunos não davam conta nem da matéria que estava sendo ensinada naquele momento, com isto, a professora deixou bem claro que, se a classe estivesse demonstrando muita facilidade com a aprendizagem ela poderia avançar na matéria. Todo mundo ficou quietinho em relação a isso, para conseguirem concluir o ensino médio sem nenhuma reprovação em matemática. Uma outra matéria que chamava a atenção era física, não pelo assunto em si, mas pelo professor, que era muito bom no que fazia. Ele conseguia fazer toda a sala aprender assuntos bem complexos. O nosso professor de História era um advogado que sabia transmitir muito bem o conteúdo e não deixava a matéria muito chata, como geralmente era para mim. Esse professor mostrou que os governantes do Brasil realmente não valorizam o ensino, pelo menos, para quem não interessa para eles. Ele testemunhou o pouco caso que é dado a alguém que se apresenta como professor, mas quando mostra uma carteira da OAB, faz com que as pessoas o respeitem. Até parece que o advogado também não teve que passar por salas de aula e assistir um mestre antes de ser um profissional das leis. O Governo normalmente só manipula a população em prol de seus interesses. Só é interessante que as pessoas “certas” aprendam e que as outras sejam meros serviçais para atender suas necessidades.


 

ECOMPO

 

 

Em 1987 eu ingressei no curso de Técnico em Química na escola ECOMPO. Eu consegui uma bolsa de estudos de 50% e resolvi fazer o curso. Eu sempre gostei da área de exatas e achava que química seria uma boa opção. Isso só não funcionou muito bem na empresa em que eu trabalhava. Eu já era aprendiz ferramenteiro na GM nessa época. Eu me formei em 1988 e precisava fazer estágio para receber o diploma do curso. Não consegui o estágio e ainda fui demitido, com a desculpa que era melhor para mim para que eu seguisse minha carreira na área de química e não na mecânica. É interessante como alguém prejudica outra pessoa e ainda tenta convencer de que é para o bem dela. É assim que funciona a racionalidade humana. Uma vez, no horário de entrada de aula, havia um aviso de uma empresa oferecendo estágio remunerado, não consegui anotar os dados por que já estava atrasado. Depois, quando fui ver novamente o aviso, ele já havia sido retirado por alguém. A concorrência entre as pessoas é desleal e sem honra nenhuma. As pessoas são egoístas por natureza, não importa o quanto queiram me convencer do contrário, a realidade é essa mesma.


 

GM

Eu fui registrado na empresa General Motors do Brasil no ano de 1983 quando comecei o curso de Mecânica Geral no SENAI. Eu consegui essa façanha por que meu pai já trabalhava na GM e eu prestei uma prova. Com isso, no meu período de férias, eu trabalhava na empresa como estagiário. Aprendi muito neste período também, tanto profissionalmente como pessoalmente. No começo eu ficava meio assustado com o lugar, por ser cheio de máquinas e pessoas; com lugares mais claros, simples e outros mais escuros e cheios de entradas e saídas estreitas. Nosso vestiário ficava no meio de uma linha de produção, subindo uma escada. Parecia que éramos sempre vigiados, e em alguns momentos, era isso mesmo que acontecia.

Eu trabalhei em um local muito barulhento, onde não se podia ouvir praticamente nada. O uso de protetor auricular era obrigatório e na saída do expediente, quando eu ia assoar o nariz, normalmente saía uma coloração preta.

O setor das prensas era a área inicial de produção dos carros, onde chegavam as chapas de aço que iriam formar as latarias e componentes principais. Nós fazíamos a manutenção das ferramentas que eram colocadas nas prensas.

Foi neste setor que conheci pessoas mutiladas pelo trabalho, sem braços ou mãos, arrancados em máquinas de corte. Foi ali também que eu conheci o que era a pressão de um patrão sobre um funcionário subalterno para forçar a produção e lucro dos ricos. Conheci pessoas de todo tipo, engraçadas, tristes, nervosas, carrancudas, viciadas, religiosas, ambiciosas, preguiçosas, falsas, íntegras, etc...

Por ser um aprendiz, muita gente queria me ensinar ou mandar em mim, muita gente também não tinha paciência com os aprendizes, e outros eram mais compreensíveis, conheci muito profissional bom e outros nem tanto.

Quando eu tentei fazer um estágio dentro da empresa para concluir o curso técnico de química, fui demitido em 14 de março de 1989. Nesse período a coisa ficou meio crítica pra mim. Eu estava começando a namorar com a minha esposa e havia acabado de entrar na faculdade de Engenharia Química de Mogi das Cruzes.

Desisti da faculdade e na mesma época, descobri que iria ser pai.



CHEMIE

 

Entre o meio do ano de 1989 e o começo de 1990 eu passei por um período de preocupação e ansiedade. Estava desempregado e com a minha filha a caminho. Trabalhei temporariamente em alguns lugares. Consegui um emprego em uma empresa de Jacareí onde iria ficar em um laboratório de controle de qualidade de produtos à base de argila aditivada. Não tive um bom entendimento com a minha chefe direta, uma pessoa de temperamento muito ruim e que não sabia lidar bem com subordinados. Fui obrigado a pedir demissão para evitar de agredi-la.

Foi nesta mesma época que comecei a ter contato com a área de ensino. As escolas do Estado tinham muita defasagem de professores, principalmente nas áreas de exatas.

Em fevereiro de 1990 ingressei como estagiário na empresa Chemie Brasileira Indústria e Comércio Ltda. Neste período eu e meu pai começamos a construir uma pequena casa em um terreno próximo à casa dos meus pais. Eu moro nesse mesmo local até hoje, mas naquela época, nós começamos nossa vida de casados em dois cômodos sem acabamento, só com laje e sem telhado. Havia muita umidade nesta casa.

Minha filha nasceu no mesmo mês em que eu entrei na empresa Chemie.

Foi nesse período em que eu tive meu primeiro contato com uma indústria química. Eu trabalhava em um laboratório de controle de qualidade. Acompanhava a linha de produção, recolhia amostras de matérias primas e de produtos acabados. Neste local a minha chefia era muito boa, não tenho do que reclamar. O clima de trabalho com todos era muito bom.

O dono dessa empresa era uma pessoa muito inteligente, um colombiano que sabia administrar bem o seu negócio. Na minha opinião, ele só tinha o defeito de confiar muito em algumas pessoas erradas. Dois funcionários da área financeira deram desfalques na empresa e um deles era considerado como um filho, pelo dono. Nós que trabalhávamos na área técnica, éramos vistos com certa desconfiança por que conhecíamos bem os produtos.

Havia um funcionário que era praticamente um “Faz Tudo”, de motorista e porteiro, a segurança da empresa. Uma vez, ele estava levando a secretária da empresa para casa, porque ela havia trabalhado até tarde, e eles sofreram um assalto. O “Faz Tudo” reagiu e foi morto no local.

Essa empresa basicamente só vendia para o exterior e dependia muito da oscilação do dólar. Foi em uma dessas baixas do dólar que eu fui demitido, no final de 1991.


 

FAENQUIL

Em 1991 eu passei no vestibular da Faculdade de Engenharia Química de Lorena. Apesar da distância, eu e mais alguns colegas bem-dispostos, começamos o curso noturno lá. A dificuldade era grande pois, além do curso ser complicado, ainda tinha o deslocamento de mais de cem quilômetros para percorrer ainda voltar na mesma noite. Não havia ônibus fretado à época e dividíamos as despesas do carro de um colega, um opala marrom. Foi um primeiro ano bem difícil, nós passávamos por muitas aventuras na estrada, principalmente quando chovia. Revezávamos na direção para não sobrecarregar ninguém. Passamos por alguns trotes e ficávamos bem apreensivos com os veteranos. Eu só chegava em casa de madrugada, tomava banho, jantava e ia dormir para acordar bem cedo no dia seguinte. Eu conseguia dormir umas cinco ou seis horas por noite.

No final do ano eu fui reprovado em duas matérias e passei nas outras. Para complicar mais a situação, fiquei desempregado e tive trancar a matrícula da faculdade. Só conseguiria voltar dois anos depois em 1994, nessa época já havia ônibus fretado até a faculdade. Meu pai me ajudou muito nessa época, ele pagava uma parte das minhas despesas para eu poder estudar.

A grana era bem curta e muitas vezes, eu ficava com fome durante as aulas à noite.

 

Os horários continuavam ruins, mas a gente se esforçava. Chegava tarde e saía muito cedo para trabalhar. Consegui que o ônibus me deixasse na porta de casa devido à área perigosa em que morava e o pessoal que desembarcava em Jacareí chegava mais tarde ainda. 

No final do quarto ano, eu fui de carro fazer uma prova e devido a uma chuva muito forte, o carro derrapou e eu perdi o controle na altura de Guaratinguetá batendo na guia e indo parar no mato do canto da estrada, quando estava quase chegando em Lorena. Felizmente só sofri alguns arranhões, peguei uma carona e ainda consegui fazer a prova e ser aprovado. 

Tivemos diversas ocorrências em quatro anos de viagens. Teve um acidente em que algumas pessoas ficaram traumatizadas ao ver corpos caídos na estrada. Pegamos alagamentos em que a água subia quase no para-brisa. E em uma noite, voltando para São José dos Campos, uns transeuntes jogaram uma pedra e quebraram o para-brisa quando ainda estávamos na estrada que dava acesso à Dutra. Alguns passageiros desceram para perseguir os meliantes, mas não conseguiram alcança-los. Depois tivemos que parar em uma garagem em Guaratinguetá para trocar de ônibus e atrasamos muito a chegada em São José.

Tivemos aulas de corrosão com um professor francês que não falava muito bem e eu quase fui reprovado por conta disso.

Toda sexta-feira, eu ficava em Lorena para assistir aula no sábado. Geralmente não dormia cedo porque ocorriam festas nas repúblicas, e as aulas do dia seguinte ficavam bem cansativas.

Eu só consegui fazer as duas matérias nas quais eu reprovei no primeiro ano, em 1997, no último ano de faculdade.


 

BRADESCO


No período em que tranquei matrícula na faculdade, consegui emprego no banco Bradesco e comecei a trabalhar como escriturário. Eu fazia atendimento ao público e serviços de digitação. Conheci um colega que tinha problemas de coração, diversas vezes nos deslocamos até São Paulo para ele fazer tratamento enquanto esperava transplante. Depois de um certo tempo, ele conseguiu o transplante e foi operado. Quando ele se recuperou, fizeram uma comemoração pelos anos de vida a mais que ele ganhou. Havia um colega que dentro de pouco tempo na agência, conseguiu assumir o posto de caixa, e começou a ganhar melhor. Eu nunca consegui grandes conquistas que dependessem de “contatos” com quem ajudasse a subir de posto ou função.

Esse mesmo colega não soube aproveitar a oportunidade que obteve e foi demitido por desviar dinheiro do caixa.

Eu me lembro de algumas confraternizações que fazíamos nesta época do banco. Os colegas de trabalho só não gostavam quando a gerência levava alguns clientes, só para fazer média, porque não nos deixava muito à vontade nas festas. Em agosto de 1993 eu pedi demissão para voltar a trabalhar na área de química e voltar a estudar.


 

QUINABRA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No final de 1993 eu voltei a trabalhar em uma indústria química fazendo a mesma função que eu fazia quando trabalhava na Chemie, inclusive, os donos eram os mesmos, que haviam fechado a outra empresa e aberto essa. Quase perdi a oportunidade porque logo no início, tive um desentendimento com a esposa do dono da empresa, mas relevaram a situação eu continuei. Destranquei a matrícula na faculdade no início de 1994 e voltei a estudar engenharia química.

Foi através desta empresa que eu consegui fazer um estágio e concluir o curso de Engenharia Química, mas depois que terminei, o dono se viu obrigado a me dispensar por que eu estaria exercendo uma função muito abaixo do meu nível de escolaridade alcançado, pelo menos eu acredito que tenha sido esse o motivo que aparentemente o obrigou a me demitir. Felizmente para mim, no ano de 1998 eu passei em um concurso para militar temporário da Aeronáutica o que começaria uma nova fase na minha vida profissional. No começo do ano de 1998, eu fiquei um pouco preocupado em passar no teste físico para ingressar no meio militar, mas do meio do ano em diante quando eu ingressei no estágio de adaptação à vida militar, eu fiquei mais tranquilo porque já estava recebendo uma ajuda de custo e a vaga já estava praticamente garantida.


 

Aeronáutica

Quando comecei o estágio de adaptação ao oficialato militar, eu ingressei em um mundo novo bem diferente daquele que eu conhecia até então. Tomei conhecimento da base da doutrina militar, seus direitos e obrigações. A disciplina era rígida e o treinamento era constante. Enquanto estive estudando em Barbacena, viajava a cada quinze dias para casa e conhecia novos amigos de farda. Existem muitos regulamentos e regras a serem seguidas. Aprendi a ter voz de comando para a tropa, o manuseio de arma de fogo, as diversas fardas a serem utilizadas em diversas ocasiões diferentes, entre outras coisas.

 

No início de 1999, me apresentei no Parque de Material Bélico da Aeronáutica, na Ilha do Governador, na cidade do Rio de Janeiro.

Fui trabalhar no Laboratório Químico de Análises de Pólvoras e Explosivos. Também tive meu primeiro contato com o serviço de guarda e segurança, o serviço de Oficial de Dia. Havia a retirada do armamento, a rotina de hasteamento da bandeira com a sua respectiva continência, a apresentação da equipe de serviço, a passagem do serviço do oficial que estava saindo para o oficial que entrava de serviço, os briefings, e as constantes rondas pelas guaritas.

Normalmente o serviço durava vinte e quatro horas, e voltava-se para o expediente normal, a não ser que fosse final de semana ou feriado, e nestes casos, retornava-se para casa para descansar.

A rotina de trabalho sempre foi parecida com qualquer área industrial e administrativa, exceto quando haviam missões externas, para serviços oficiais em nome do Comando da Aeronáutica.

Durante o primeiro ano em que estive neste quartel, minha esposa e filha continuaram em São José dos Campos e eu viajava quase toda semana para casa.

Conheci bem a vida boêmia do Rio de Janeiro com seus bares e boates. Eu morava em um quarto dentro do próprio quartel e só saia para passear depois do horário de expediente.

No ano 2000, eu levei minha família para o Rio de Janeiro para morar na Ilha do Governador. Alugamos um apartamento na Estrada do Galeão, em um prédio antigo, com dois andares somente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eu tive um problema neste local pois os vizinhos eram donos de uma loja de carros usados que não respeitavam a frente de garagem de ninguém. Por diversas vezes, tive que pedir para tirarem carros da frente e por diversas vezes tive discussão com pessoas do local. Após um ano, nos mudamos para um apartamento em São João de Meriti, próximo à casa de parentes.

 

 

 

 

O local era mais distante do trabalho, mas era mais tranquilo de se morar.

Matriculei minha filha na mesma escola que uns primos meus, estudavam. Minha temporada no Rio de Janeiro foi uma época em que eu e minha família, aproveitamos bem as opções de lazer, como praias, shoppings, cinemas, teatros, e outras atrações culturais.

Eu tive a oportunidade de conhecer lugares e empresas relacionados à Aeronáutica. Fiz algumas boas amizades.

Também conheci pessoas de má índole, inclusive dentro do meio militar. Pessoas que usavam sua posição para obter benefício próprio.

 

 

 

Vida Civil Novamente

Em 2007 eu saí da Aeronáutica e voltei para São José dos Campos. Procurei emprego como professor e cheguei a trabalhar na escola em que minha filha estava estudando fazendo o último ano do ensino médio. Fiquei um tempo procurando vaga em escolas públicas do estado, consegui vaga em uma escola na zona leste dando aulas no período da tarde para turmas do sexto ano do ensino fundamental. Não tive uma boa experiência nesta escola, pois as turmas eram muito grandes e muito difíceis de manter a disciplina. Eu fiquei muito desnorteado nesta época devido ao barulho que enfrentava em sala de aula.

Depois de três meses, não aguentei e saí.

Atuei em escola preparatória para concursos onde lecionei para pessoas mais maduras onde me adaptei melhor. Participei de o projeto de ensino profissionalizante em cooperação da igreja católica com uma escola particular e depois comecei a dar aulas nesta mesma escola. Surgiu uma oportunidade para atuar na área de Engenharia Química em uma empresa em Jacareí. Lá conheci o dono da empresa, uma pessoa que aparentemente era honesta e trabalhadora. Como a gente consegue se enganar com as primeiras impressões.

Esta pessoa se mostrou de muito mau caráter e mesquinha. Gostava de espalhar intrigas e boatos entre os seus funcionários, até hoje não entendo muito bem por qual motivo. Nunca vou esquecer quando ouvi da própria filha dessa pessoa que eu não deveria trabalhar com ele por ele não ser boa gente.

Fiquei dois anos nesta empresa e no final, para conseguir uma rescisão regular em minha carteira, fui obrigado a entrar com um processo na Justiça do Trabalho contra ele.

Depois disso, entrei em uma escola particular, dando aulas de matemática e química onde fiquei durante dois anos.

Prefeitura

 

Em 2012 eu passei em um concurso para Auxiliar em Gestão Municipal da Prefeitura de São José dos Campos e estou trabalhando até hoje neste local, na Secretaria de Esportes.

No início eu tive uma boa impressão em relação às pessoas. Eu percebia que mesmo quando haviam desavenças, as pessoas não ficavam guardando rancor e logo voltavam a tratar dos assuntos rotineiros uns com os outros.

Depois de alguns anos trabalhando com várias pessoas diferentes, percebi que a situação é a mesma que em outras empresas, existem pessoas que lidam bem com os desentendimentos, mas outras nem tanto.

Quando comecei a trabalhar em Setor que faz pagamentos para atletas e modalidades esportivas, voltei a perceber a ambição do ser humano. Ocorre uma transformação nas pessoas quando o assunto é dinheiro.

 

Atualmente eu vivo de certa forma tranquilo, mas tendo em mente que:

1º Não existe pessoa nem lugar perfeito.

2º Acho que nunca vou estar totalmente satisfeito com nada.

3º Espero falar com alguém que esteja lendo estas linhas em um futuro próximo, quando talvez escreverei mais um pouco sobre algum assunto diferente da minha vida, que aparentemente;

 

“NÃO TEM MUITA GRAÇA MESMO”

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